© Sérgio Spritzer, novembro 2023
E o que isso muda a vida da gente? Se não for tão objetivo como pensamos quais as consequências para gerar aprendizagem, conhecimento e valor nas relações humanas?
O método científico clássico, de inspiração cartesiana-newtoniana, fica insuficiente para lidar com um universo de alta complexidade no qual o sujeito e o objeto estão relativizados para o observador e examinador da realidade.
Vamos ilustrar isso com um momento de um vídeo de um filósofo brasileiro bastante conhecido, falando a respeito da suposta não cientificidade da psicanálise:
Pondé, o filósofo pernambucano, conclui que independente da psicologia ou psicanálise "não serem uma ciência", isso ajuda as pessoas a saírem do buraco". Ora, para um filósofo, a gente esperava bem mais que uma argumentação como essa.
Veja o que diz o professor Fernando González:
Ora, não se trata de apenas olhar para trás e perceber que o seu mapa está equivocado em função dos conhecimentos atuais e projetar a frente olhando pelo retrovisor. O desafio intelectual é aceitar que sempre e inevitavelmente o seu mapa será provisório e nesse sentido fruto da subjetividade pessoal e o que é mais importante, subjetividade coletiva. Nesse caso, precisamos primeiro estudar como se forma a subjetividade para depois validar o conhecimento que ela confere objetividade.
Para isso precisamos colocar em primeiro plano o mental ou o fenômeno psíquico e em segundo a realidade material, física, biológica e neurológica. Parece um paradoxo que a subjetivação bem conhecida leve a objetivação mais responsável. Mas é exatamente o que vai acontecer, com a ajuda da alta tecnologia.
Isso parece ainda mais paradoxal à primeira vista, mas a gente precisa compreender como a complexidade evoca muito mais a competência subjetiva do que a competência em examinar apenas um fenômeno material isolado em condições experimentais. Um gestor precisa saber muito mais do que ver diretamente fenômenos relacionais produzidos por humanos, fisicamente.
Vai precisar entrever em gráficos e redes complexas de interação não diretas, os movimentos humanos. Como um jogador esperto de xadrez ou futebol, vamos precisar antever e entrever jogadas algumas vezes antes que o jogo aconteça, nos baseando em padrões nada lineares. Atribuir uma causalidade social, simplesmente, não esclarece os fundamentos psicobiológicos da subjetividade do modo como existem.
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