Em comunicação humana, o tempo torna-se cada vez mais relacional e dependente do processo interno que se passa entre as partes. Mesmo para atividades objetivas entre pessoas nem sempre o tempo para começar e menos ainda o para terminar pode ser matematicamente determinado.
O universo é constituído em forma de sistemas imersos em sistemas, guardando uma estrutura comum (Ludwig Von Bertalanffy (1901-1972)* ).
Isso nos permite movimentar-nos em diferentes planos guardando a uma referência e uma coerência.
No paradigma sistêmico a forma como as coisas acontecem determina o conteúdo e não o contrário.
Bateson (1979)** apropriou-se desse princípio e do conceito de níveis lógicos de Russel (1908)*** aplicando-os ao caso das relações humanas. Deu o exemplo do lenhador rachando um pedaço de lenha: cada variável implicada pode mudar significativamente os resultados, desde o que o lenhador esteja pensando no momento no modo de empunhadura do machado, na densidade da madeira, no cálculo inadequado da força e do ângulo de impacto, na forma como a madeira está apoiada; até num evento “externo” como um súbito ataque de um animal selvagem das redondezas ou a aproximação de um amigo com um saco cheio de lenha já cortada, dispensando o esforço a ser empreendido naquele momento.
O estado interno assinalado na figura abaixo se refere à percepção sistêmica de si mesmo no ambiente, captada pelo lenhador e integrando as principais variáveis em jogo nesse simples ato de rachar lenha. O lenhador usa todos os seus sentidos a um só tempo, sistemicamente, para realizar uma atividade tão trivial. Dificilmente poderíamos estudar todas estas variáveis numa metodologia de pesquisa experimental, controlando variáveis.
Sistemas humanos formam redes relacionais imersas em redes maiores que eles mesmos. O propósito deste texto é analisar como podemos aprender a nós mesmos como sistemas imersos em sistemas humanos e fazer nossas vidas irem adiante; cada vez mais adiante. A vantagem dos sistemas humanos é justamente a consciência dialógica, ou seja, a consciência de que algo se passa entre as pessoas e coisas em diferentes planos e dimensões que os une dados a uma intenção, uma atitude, postura e um resultado desejado.
Se formos sistemicamente coerentes, o universo conspira a favor; caso contrário, aparecerão objeções ao longo do caminho. Os períodos cíclicos de calmaria e turbulência em diferentes planos da realidade física e dos seres vivos já implicam esse paradigma dialógico, de inter-influências entre os elementos, gerando períodos de estabilidade e mudanças como nas estações do tempo, nos ciclos diários, nos chamados biorritmos (ciclos de nossas atividades psico-fisiológicas) estendendo-se através dos ritmos e estilos das relações interpessoais e coletivas.
A história humana é marcada por períodos de estabilidade e mudança, como se conversassem um com o outro através de uma lógica relacional bem mais complexa do que a das relações do plano interpessoal que nos servem de referência.
* Teoria Geral dos Sistemas; Bertalanffy, Ludwig Von.; Ed. Vozes;1975**BATESON, G. Mind and nature; a necessary unity. New York: Ballantine Books, 1979*** Bertrand Russell (1908a), a lógica matemática como base a teoria dos tipos, com comentário de Willard Quine , páginas 150-182.
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